Artigo: José Dirceu não vai atropelar o PCdoB no Maranhão

Às vésperas da reunião do Diretório Nacional do PT no último dia 11, circulou em Brasília um comentário atribuido ao ex-ministro petista José Dirceu de que iria atropelar o PCdoB no Maranhão. Em sua crueza, ele expressava a decisão de intervir na seção maranhense do PT, para forçar o apoio a Roseana Sarney (PMDB) e não a Flávio Dino (PCdoB) para governador, como o Encontro PT-MA deliberara em abril. Agora o ex-líder petista calunia o candidato do PCdoB a governador do estado, com a pecha mentirosa de 'serrista'.


Por Bernardo Joffily

Nas entrelinhas, o comentário deixa entrever talvez também algum peso na consciência do autor. Ele confessa a natureza do gesto violento, não só contra o PCdoB e seu candidato, mas contra a maioria do PT, o PSB, os movimentos sociais, os legítimos anseios mudancistas e modernizadores que ganham força no Maranhão.

Dois a 12 contra Dirceu, em seu próprio blog...

Em público, porém, José Dirceu não mantém a mesma pudicícia. Em seu Blog do Zé (http://www.zedirceu.com.br), agora deu para acusar Flávio Dino de "serrista".

"Tanto Flávio Dino quanto o ex-governador Jackson Lago (PDT), também candidato a voltar ao Palácio dos Leões, estão ligados ao PSDB e à candidatura Serra há muito tempo", postou Dirceu, no último sábado (19).

Nesta terça, o post tinha 15 comentários: dois concordavam com o autor; e 12 discordavam. Um exemplo:

"O PT tomar uma decisão baseado em interesses nacionais pode ser questionado e até aceito, mas ouvir palavras contra Flávio Dino chega a ser desonesto. Este blog mesmo já publicou entrevista do comunista, se referindo ao mesmo como um aliado. Sr José Dirceu, defenda os interesses do PT mas não cuspa no prato que comeu. Durante a crise do mensalão o PCdoB foi um dos mais fiéis ao governo, muito petista fugiu da raia. Não sou comunista sou petista" (Xilder).

Jerry: "O palanque mais legítimo de Dilma"

Talvez inconformado com a rebelião dos leitores de seu blog, Dirceu voltou à carga na segunda-feira (21). Acusou Flávio Dino de fazer "um papelão ridículo", por buscar ampliar sua base de apoio para o PDT de Jackson Lago, o PPS e o PSDB. Recebeu mais contestações indignadas como esta:

"Flávio Dino é o candidato da militância petista e esquerdista no Maranhão (quantos votos os petistas paulistas têm no Maranhão?). A cúpula nacional pode ficar com os Sarneys se assim lhes aprouver, mas a militância já fez a sua escolha" [Paulo Silva].

Uma resposta mais alentada e fundamentada veio do jornalista e professor Márcio Jerry, presidente do PCdoB-São Luís, no "Caderno Maranhense" do Vermelho. Sob o título É pela esquerda, Zé Dirceu (veja a íntegra), Jerry responde com argumentos ao tiroteio de Dirceu:

"O palanque mais legítimo e limpo de Dilma no Maranhão é o liderado por Flávio Dino. É nele, repito, que estão o PCdoB, o PSB e o PT da luta que não se curvou à oligarquia quarentona. No de Roseana Sarney, aliada de Zé Dirceu, estão o DEM, de onde ela migrou recentemente, e o PTB, ambos com Serra; e o PV, da candidata Marina Silva."

"Quem não for Roseana é Serra"?

Dirceu deveria medir as palavras antes de se lançar com tanta fúria fraticida contra o PCdoB. Não deveria escrever o que sabe ser uma inverdade.

Não deveria sair taxando se "serrista" a quem desde 1989 fez campanha para Lula, e ousou defender o presidente, e o então ministro-chefe da Casa Civil e deputado federal José Dirceu de Oliveira e Silva, mesmo nos dias mais críticos de 2005, quando eram eles os caluniados e os vilipendiados. Se Dirceu acredita de fato que "a campanha no Maranhão é presidida pela questão nacional" (como é), não deveria se empenhar numa tentativa disparatada de descartar apoiadores convictos, e sólidos, e programáticos, da candidatura Dilma Rousseff. Não deveria usar o argumento de que "quem não for Roseana é Serra", que não convencerá um só maranhense com mais de dois neurônios funcionando.

O Maranhão já não cabe na velha forma

O cenário maranhense exige e merece um olhar menos vesgo. José Sarney ajudou o Maranhão quando venceu a oligarquia de Vitorino Freire, nos idos de 1965. Ajudou o país ao romper com a ditadura em 1984, e ao presidir a República nos difíceis momentos iniciais da democratização e da Constituinte, ao apoiar Lula em 2002 e 2006, e Dilma agora. Devido a estes méritos sofreu, no ano passado, uma sórdida rasteira do bloco conservador-midiático tentando derrubá-lo da presidência do Senado.

Isto não significa que o Maranhão deva completar meio século governado pelo mesmo clã familiar. O Brasil mudou – triunfou sobre a ditadura militar, superou a tirania neoliberal e abriu um novo ciclo com a eleição de Lula. O Nordeste mudou como não mudava há séculos – muito especialmente com a Pequena Revolução Política de 2006, que varreu com as velhas oligarquias locais. O Maranhão mudou. Já não cabe na velha forma. Quer outros valores e concepções, outras plataformas, outros estilos e métodos, e portanto outros nomes. A campanha Flávio Dino governador expressa e concretiza esta mudança.

"A candidatura de Flávio Dino insere-se num contexto em que amplos setores sociais, especialmente aqueles alinhados com o campo democrático e popular, manifestam-se claramente em favor da renovação política no Maranhão, que pode ser feita concretamente sob hegemonia da esquerda, fato este de inegável alcance estratégico para os que pelejam por uma sociedade socialista. A candidatura é um desdobramento regional das conquistas sob a era Lula e está em absoluta sintonia com os avanços necessários sintetizados no projeto da candidatura Dilma Presidente", afirma com razão Márcio Jerry.

Homenagem a outro maranhense atrevido

Não é uma mudança qualquer. Nos anos 1830, o Maranhão era uma próspera e avançada província do Brasil recém-emancipado: São Luís era a quarta maior cidade (após Rio de Janeiro, Salvador e Recife). Quase dois séculos depois, é evidente que algo 'desandou' no estado que disputa os piores lugares em índices de desenvolvimento urbano; e que as duas gerações do clã Sarney fazem parte do problema e não da solução.

Em 1838 estourou a partir da vila de Manga uma rebelião popular, que as elites por preconceito aristocrático apelidaram 'Balaiada'. Entre os muitos dirigentes do levante, que chegou a ter mais de 10 mil homens em armas, havia um certo Preto Cosme (Cosme Bento das Chagas), líder de um quilombo nas cabeceiras do Rio Preto (nordeste da província).

Cosme merece as honras de um herói brasileiro, quando mais não fosse por ter criado uma escola em seu quilombo, quando a ordem imperial-escravista proibia os cativos de frequentar salas de aula. Seus guerreiros-quilombolas foram os mais firmes da 'balaiada'. Ele próprio, alfabetizado sabe-se lá por que artes, ousava assinar como "Tutor e Imperador das Liberdades Bem-te-vi" (ave-símbolo do partido liberal).

A autoconcessão dos títulos pareceu um insulto aos senhores de terras e homens. Por estas e outras, o "infame Cosme", como o chamou o barão de Caxias, terminou preso e enforcado, em 1842.

Não vá agora José Dirceu infamar Flávio Dino por atrever-se a fincar as estacas de um segundo palanque, avançado, de Dilma no Maranhão. O desmentido ao ex-ministro virá em outubro, bem mais cedo do que as estátuas que o Preto Cosme merece

Fonte: Portal Vermelho

Artigo de Wagner Cabral

Artigo: Fome de coerência, o gesto de Manoel da Conceição

“Os valores do PT não podem ser negociados. Devem ser reafirmados como princípios da reconstrução partidária e ideal dos movimentos sociais” (Manoel da Conceição).

por Wagner Cabral da Costa*

Muito tem se falado sobre a greve de fome, iniciada em 11 de junho, do fundador do PT, Manoel da Conceição, do deputado Domingos Dutra e da ex-deputada Terezinha Fernandes, contra a intervenção do Diretório Nacional que revogou a decisão estadual de apoiar Flávio Dino (PCdoB) para governador do Maranhão, aprovando, em substituição, o nome de Roseana Sarney (PMDB). Parcela expressiva da opinião pública e da imprensa tomou contato (quase) pela primeira vez com a pessoa de Manoel da Conceição. Afinal, quem seria esse “desconhecido”, esse Mané, que ousou desafiar, em gesto radical, a direção do partido no poder e a Presidência, em mais uma capitulação cínica diante da mais velha oligarquia da República?

Filho de lavradores do vale do rio Itapecuru, Manoel vivenciou experiências que lhe propiciaram uma sólida convicção ética, humanista e socialista, de dedicação à causa dos trabalhadores. A começar, ainda na juventude, pela expulsão de sua família por proprietários rurais, violência presenciada ainda em inúmeros outros massacres; depois, a migração em busca de “terra liberta”; a crença evangélica e o início da militância; o envolvimento com o Movimento de Educação de Base (MEB), ligado à Igreja progressista; o engajamento na Ação Popular (AP) e a luta pelas Reformas de Base; até o golpe de 1964, quando sofreu as primeiras prisões.

Durante a ditadura militar, Mané se dedicou à organização e educação de trabalhadores rurais na região do rio Pindaré em sua luta contra o latifúndio e pela conquista da terra. Foi alvo de violenta repressão da polícia militar do governo José Sarney (1966-70), sendo baleado e preso em julho de 1968, ocasião em que teve parte da perna direita amputada por falta de atendimento médico. Na seqüência, foi preso pela polícia política (1972) e dado como “desaparecido”, quando foi submetido a sessões de interrogatório e tortura, sendo solto graças à intervenção da AP e da Anistia Internacional. Liberdade breve, pois, mais uma vez, os militares o prenderam, desta vez em São Paulo, com mais torturas e sevícias (1975). Novamente a solidariedade – da Anistia e das Igrejas católica e protestante – conseguiu resgatá-lo das mãos assassinas da ditadura, com o que Manoel partiu para a Suíça (1976), onde permaneceu até a decretação da Lei da Anistia (1979).

No exílio, lançou o livro-denúncia Essa terra é nossa, contando sua história de luta pela reforma agrária e de resistência à ditadura, uma leitura necessária e fundamental para compreender os “anos de chumbo”. Livro que acaba de ser reeditado pela UFMG (com o título: Chão de minha utopia), através do Projeto República, com o apoio do Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA). A ironia não podia ser mais evidente: o mesmo governo petista que, por um lado, promove o resgate de sua memória e história; por outro, lhe recusa o direito de, aos 75 anos, continuar sendo um militante ativo das lutas sociais e políticas – defendendo a democracia interna do partido e a democratização do Maranhão contra a oligarquia patrimonial e golpista. Que resposta obteve Manoel após lançar duas cartas abertas ao companheiro e presidente Lula?

Esse silêncio, no entanto, inexistia em fevereiro de 1980. Pois, na fundação do Partido dos Trabalhadores se pretendeu vinculá-lo organicamente às diversas tradições de luta do povo brasileiro, sendo convidados seis signatários que representavam simbolicamente essas vertentes da esquerda: 1) Mário Pedrosa, escritor, crítico e líder socialista; 2) Manoel da Conceição, líder camponês; 3) Sérgio Buarque de Holanda, historiador; 4) Lélia Abramo, do Sindicato dos Artistas de SP; 5) Moacir Gadoti, que assinou em nome do educador Paulo Freire; e 6) Apolônio de Carvalho, combatente na Guerra Civil Espanhola e na Resistência Francesa, um dos líderes dos movimentos da resistência popular (Ata da reunião no Colégio Sion – site da Fundação Perseu Abramo).

Dos personagens-símbolo da identidade e dos valores do PT, o único que permanece vivo é Manoel da Conceição Santos, marido amoroso, pai e avô dedicado, brasileiro nascido em 1935 no distrito de Pirapemas, em Coroatá, Maranhão. Era esse “desconhecido”, esse Mané, que se encontrava em greve de fome no plenário da Câmara dos Deputados. Por cima de quantos cadáveres (reais e simbólicos) o PT terá que passar em seu processo de transformação em Partido da Ordem?

Ps.: Poucas horas após o fechamento deste artigo, Manoel da Conceição e Domingos Dutra foram internados inconscientes em Brasília, com risco de vida. A situação forçou o Diretório Nacional do PT a fazer um acordo pelo qual os petistas maranhenses ficaram liberados de apoiar a oligarquia Sarney e ter campanha independente em favor de Flávio Dino. Este acordo encerrou a greve de fome, após uma semana, em 18 de junho de 2010, continuando ambos sob cuidados médicos.

* Wagner Cabral da Costa é Historiador e professor da UFMA. Autor de “Sob o signo da morte: o poder oligárquico de Vitorino a Sarney” (2006); co-organizador de “A terceira margem do rio: ensaios sobre a realidade do Maranhão no novo milênio” (2009). Este artigo foi publicado no jornal O Estado de São Paulo, suplemento Aliás, domingo, 20 de junho de 2010.

Matéria no Valor Econômico - Sobre o Maranhão

Slogan traz Roseana como renovação do MA

Murillo Camarotto, de São Luís

Perto de completar um ano de volta ao poder do Maranhão, Roseana Sarney (PMDB) começou a trocar as placas de publicidade do governo espalhadas pela capital, São Luís. Apesar dos nove anos já acumulados à frente do Palácio dos Leões e das quatro décadas que sua família manteve-se no poder no Estado, a filha do ex-presidente José Sarney passou a apresentar sua atual gestão sob a logomarca de "Novo Governo do Maranhão".

A nomenclatura, também presente em inserções na televisão local, é uma sugestão do publicitário Duda Mendonça, contratado para tentar dar mais um mandato à Roseana. Para isso, ele terá a árdua tarefa de convencer os maranhenses de que a governadora e sua família poderão, de alguma forma, trazer algo novo à política local.

Dentro dessa estratégia, um projeto de construção de 72 unidades de saúde já é a principal estrela do novo governo de Roseana. A governadora também quer mostrar aos eleitores que está recuperando rodovias estaduais e investindo em 500 novas viaturas para as polícias Civil e Militar, que passarão a circular em modernas caminhonetes japonesas.

Pouco foi aproveitado da gestão anterior, de Jackson Lago (PDT), cassado em abril de 2009 por supostas irregularidades na campanha. De acordo com o deputado federal Gastão Vieira (PMDB), ex-secretário de Planejamento de Roseana, somente o projeto PAC do Rio Anil, que está transferindo moradores de palafitas para apartamentos, foi continuado.

No caso das unidades de saúde, o governo de Roseana modificou significativamente o projeto de Lago, que era de erguer cinco grandes hospitais em regiões estratégicas do Maranhão. Para o ex-governador, as 72 unidades de saúde de Roseana, propagandeadas como se fossem hospitais, não resolverão o problema do grande fluxo de pacientes do interior que chegam todos os dias a São Luís em busca de tratamento.

Quando perdeu para Jackson em 2006, Roseana teve pela primeira vez a máquina estadual contra si. Agora, com o Estado novamente nas mãos, a governadora sabe que a mudança é o principal anseio dos maranhenses para a política local. Com a força da publicidade, ela tentará mostrar à população que representa a novidade.

E renovação é tudo que deseja o motorista Sérgio Luiz Cortes, o "Brasil", natural de Axixá (MA). Após enumerar muitas das mazelas vividas há anos pelo povo do Maranhão, ele diz não confiar em nenhum dos candidatos que tentarão o governo em outubro. Para ele, Roseana e Lago já tiveram suas chances e nada fizeram, enquanto que o deputado federal Flávio Dino (PC do B) não teria "força" para ganhar a eleição e, principalmente, governar.

Segundo a cientista política Arleth Borges, da Universidade Federal do Maranhão, o clamor popular por novos nomes na política tem uma razão simples: as quatro décadas de comando dos Sarney e os péssimos indicadores sociais do Maranhão.

O Estado tem o segundo pior Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) do país (2005), acima apenas de Alagoas. Também tem a segunda pior renda per capita (2007) e é o vice-líder em mortalidade infantil (2008). Detém ainda o pior déficit habitacional relativo do Brasil (2008).

"Do ponto de vista social e econômico, a situação do Maranhão é lastimável. E é natural que os Sarney sejam responsabilizados", afirmou a cientista.

De opinião semelhante, Flávio Dino escolheu os indicadores sociais para iniciar seu discurso a um barulhento grupo de estudantes, durante o último congresso estadual da União da Juventude Socialista (UJS), cujos líderes o apoiam. Adaptada ao público presente, a fala destacou o analfabetismo e a dificuldade dos maranhenses em chegar à universidade. Segundo Dino, um privilégio de apenas 5% dos jovens do Estado.

Enquanto falava sobre auto-estima aos estudantes, o candidato tentava equilibrar a própria confiança. Havia dois dias, Dino recebera a notícia de que não contaria mais com o apoio formal do PT do Maranhão. Enfadado, ele comparou a decisão do diretório nacional petista, que determinou apoio a Roseana, aos atos da ditadura militar. "A resolução foi um AI-5", classificou.

De acordo com Arleth Borges, a candidatura de Dino é a que tem maior potencial de crescimento, justamente pelo fato de o deputado ter mais chances de representar a novidade desejada pela população. O deputado afirma que é conhecido por apenas 48% dos maranhenses, enquanto que seus adversários são conhecidos por praticamente 100%.

Ciente disso, Sarney teria exigido o apoio do PT à Roseana, em uma estratégia para barrar o crescimento do candidato comunista. Sem o PT na chapa, Dino terá direito a duas inserções diárias de 2,5 minutos na televisão. Com o partido, cada inserção seria de seis minutos. "O prejuízo é real e inegável, mas não mortal", avalia o deputado.

Mesmo sem o tempo do PT na televisão, Dino tentará vencer a eleição com o discurso de que "o Brasil avançou e o Maranhão ficou para trás". O candidato lembra que os grandes projetos industriais instalados no Estado nos últimos anos, como a Alumar e a Vale, por exemplo, não se reverteram em benefícios sociais. "Eles (os Sarney) governam de costas para a população, com o discurso dos grandes projetos", alfineta.

A tese é compartilhada até mesmo por aliados de Roseana. Gastão Vieira discorda de que o Maranhão tenha "ficado para trás", porém admite que a população não se beneficiou do desenvolvimento econômico. "Faltou um pouco de visão dos administradores, que não tiraram a mais-valia suficiente dessas empresas para ser revertida em educação e saúde", afirma.

De qualquer forma, os novos grandes projetos anunciados para o Estado serão peça importante da campanha de Roseana. O principal é a refinaria premium da Petrobras, que será construída em Bacabeira, a 60 quilômetros de São Luís, um investimento de US$ 20 bilhões. A fábrica da Suzano Papel e Celulose, em Imperatriz (US$ 1,8 bilhão), e a termelétrica da MPX, na capital (R$ 1,8 bilhão), também serão amplamente divulgadas.

Além de convencer os maranhenses de que, desta vez, o desenvolvimento será compartilhado por todos, Roseana tem a missão de melhorar sua imagem, que ficou bastante arranhada com a volta ao poder mediante a queda de Lago. Seus próprios aliados têm percebido esse sentimento durante as visitas que a governadora, em campanha, tem feito ao interior do Maranhão.

"A sensação de golpe é muito viva na cabeça das pessoas", afirma Arleth Sales. O motorista Brasil confirma a tese: "Não adianta votar em ninguém. Se perderem, eles (os Sarney) dão um jeito para voltar".

No Último Segundo - IG

PC do B tenta formar nova frente para pleito no Maranhão

Ideia é unir os partidos em torno do nome do deputado Flávio Dino, do PC do B, ou do ex-governador cassado Jackson Lago, do PDT

AE | 16/06/2010 22:20

Cinco dias depois de o PT ter decidido apoiar a reeleição da governadora do Maranhão, Roseana Sarney (PMDB), o PC do B resolveu dar o troco e vai tentar formar uma frente ampla de partidos contra a candidatura da peemedebista. A ideia é unir os partidos em torno do nome do deputado Flávio Dino, do PC do B, ou do ex-governador cassado Jackson Lago, do PDT. Ambos são pré-candidatos ao governo maranhense.

"Vamos juntar todas as forças que ficaram de fora da candidatura da Roseana em torno do nome do Flávio Dino ou então de Jackson Lago", afirmou o presidente nacional do PC do B, Renato Rabelo, momentos antes de a convenção nacional do partido ratificar o apoio à candidatura da petista Dilma Rousseff à Presidência da República. O PC do B exige que a petista suba nos dois palanques que apoiam sua candidatura: no de Roseana e no de Dino.

"O PT nacional avaliou errado que ao retirar o apoio à minha candidatura que eu ia desistir", disse Flávio Dino. Na sexta-feira passada, o PT nacional enquadrou o PT do Maranhão, obrigando-o a apoiar a candidatura de Roseana Sarney. Em março, o PT do Maranhão havia deliberado aliar-se ao PC do B em torno da candidatura de Dino. "A Roseana ficou com a camisa do PT e eu fiquei com a militância petista", observou Dino.

Até a convenção do PC do B maranhense, marcada para o dia 26, Dino foi liberado pela direção do partido para negociar uma ampla aliança contra a candidatura de Roseana Sarney. "Há essa possibilidade de aliança, sim. Mas ainda é uma coisa incipiente", argumentou o comunista. Em represália à decisão do PT nacional, o deputado Domingos Dutra (PT-MA) está em greve de fome há cinco dias, no plenário da Câmara, junto com Manoel da Conceição Santos, um dos fundadores do PT. Aos 75 anos e diabético, Manoel passou hoje oito horas no serviço médico da Câmara

No blog do Noblat

Enviado por Erich Decat - 16.6.2010| 18h59m

Flávio Dino: 'Roseana tem a camisa e eu os militantes'

No páreo contra a família Sarney pelo governo do Maranhão, o deputado Flávio Dino (PCdoB) desdenhou da decisão da Executiva Nacional que impôs ao PT regional apoio à reeleição de Roseana Sarney.

“Tenho 80% do PT mobilizado em torno da minha candidatura. O que aconteceu foi apenas uma imposição cartorial. A Roseana fica com a camisa e eu com os militantes”, disparou Dino momentos antes de participar da Convenção Nacional do PCdoB que anunciará apoio à candidatura de Dilma à sucessão de Lula.

Para Dino, o acordo feito com a cúpula nacional do PT, demonstra uma certa decadência da família Sarney.

“Eles estão desesperados porque é a última eleição de um império, a oligarquia Sarney está no seu fim”, ressaltou.

O parlamentar também comentou sobre a greve de fome realizada pelo deputado Domingos Dutra (PT-MA) juntamente com Manuel da Conceição, 75 anos de idade, líder camponês no Estado e um dos fundadores do PT.

“Já fiz apelos para eles pararem. É um gesto válido, mas desumano”, disse Dino.

Desde a última sexta-feira (11), Dutra e Manuel protestam, no plenário da Câmara dos Deputados, em Brasília, contra a decisão da cúpula nacional do PT. Ambos estão apenas à base e água e água de coco.

Ainda o debate no Plenário da Câmara - Folha de São Paulo

15/06/2010-20h24

Em greve de fome, deputado do MA chora na tribuna e critica PT

NANCY DUTRA

DE BRASÍLIA

Em greve de fome desde a última sexta-feira por conta da decisão do PT de apoiar a reeleição de Roseana Sarney (PMDB) ao Maranhão, o deputado Domingos Dutra (PT-MA) subiu à tribuna da Câmara para criticar o diretório nacional petista. Ele chegou a chorar durante o discurso.

"Eu vou morrer aqui para que se respeite a democracia. Entregaram o PT de mão beijada", afirmou Dutra, que foi aplaudido pelos colegas. Nos seis minutos em que falou, o plenário ficou em silêncio. Ele mostrou uma algema que comprou para evitar que seja retirado da Casa.

O deputado classificou a atitude do PT de antidemocrática. Na semana passada, a direção nacional do PT revogou decisão do diretório maranhense, que aprovou apoio à candidatura do deputado Flávio Dino (PC do B) ao governo estadual.

"Foi um processo sem quórum, sem rito. Desrespeitaram o estatuto, um diretório de merda", disse. "Dilma vai ser eleita de qualquer forma, não precisamos do Sarney", afirmou Dutra, referindo-se à posição do PT de fechar com a família do presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), em busca de votos para a candidata petista à Presidência.

Apoiado pelo PT do Maranhão, o deputado Flávio Dino saiu em defesa dos colegas em greve de fome. Além de Dutra, um dos fundadores do PT, Manoel da Conceição, e a ex-deputada federal Terezinha Fernandes (PT-MA), estão sem ingerir alimentos sólidos.

"Eu, que estou defendendo o governo há três anos e meio na Câmara, virei uma ameaça. Sou o aliado das horas difíceis. Coloquem a mão na consciência. Três fundadores estão denunciando uma violência política e jurídica cometida pela diretoria nacional, que desrespeitou seu estatuto", defendeu Dino.

Os discursos de Dutra e Dino foram motivados por fala do deputado José Genoino (PT-SP), que criticou a oposição por usar o episódio para atacar o PT. "Não fico calado diante dessa alegria e desse processo para esgarçar o PT diante de uma decisão soberana do diretório nacional sobre uma escolha política", afirmou Genoino.

Nota na VEJA

Eleições 2010

Dino na estrada

terça-feira, 15 de junho de 2010 | 19:33

O impacto da decisão do PT de apoiar Roseana Sarney não tirou Flávio Dino da campanha. No fim de semana, viajou a quatro municípios maranhenses – Mirador, Colinas e Dom Pedro, além de São Luis – reunindo cerca de 2 000 pessoas entre os quatro eventos.

Em todos eles, havia presença maciça de petistas, desde simples militantes até vereadores e presidentes de diretórios.

Debate no Plenário da Câmara

Dutra faz apelo emocionado em 5º dia de greve de fome

15 de junho de 2010 | 20h 45

DENISE MADUEÑO - Agência Estado

Entrando no quinto dia de greve de fome e com dois quilos a menos, o deputado Domingos Dutra (PT-MA) fez um discurso emocionado e de resistência na tribuna da Câmara na noite de hoje. Começou com lágrimas e terminou com os punhos cerrados pregando contra o apoio da cúpula petista ao grupo do presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), no Maranhão. O discurso em resposta ao deputado José Genoino (PT-SP), que o criticara, silenciou o plenário da Casa e terminou em aplausos.

Com Dutra, está também em greve de fome o petista histórico Manoel da Conceição, 75 anos. Ele já perdeu 1,9 quilo. Desde sexta-feira passada, os dois apenas tomam água e água de coco em uma manifestação contra a decisão do Diretório Nacional do partido de anular o apoio do PT do Maranhão à candidatura do deputado Flávio Dino (PCdoB-MA) ao governo do Estado em troca de se aliar à governadora Roseana Sarney (PMDB), em busca da reeleição.

"Genoino, seja solidário a Manoel da Conceição e sua história, porque está sendo solidário a um oligarca perverso, criminoso e corrupto (Sarney)", discursou. "Eu vou morrer aqui para que respeitem a democracia." Dutra reafirmou que o PT no Maranhão cumpriu todas as normas do partido e decidiu pelo apoio a Dino e que a direção nacional está negando a democracia interna ao retirar o apoio ao deputado em troca de apoiar Roseana.

Depois do discurso, Dutra recebeu solidariedade de parlamentares de outros partidos. Médico, o deputado Darcísio Perondi (PMDB-RS) afirmou que tanto Dutra quanto Manoel da Conceição podem morrer esta noite. Manoel da Conceição tem diabetes e já foi vítima de dois acidentes vascular cerebral. O deputado Flávio Dino criticou a cúpula petista que, segundo ele, está usando a candidatura de Dilma Rousseff como argumento para desprezar os partidos aliados, como o PCdoB e o PSB, que apoiam a candidatura dele. "Em nome de uma violência política, estão desprezando os aliados. A arrogância é sempre má conselheira".

Na defesa do apoio a Roseana, a cúpula petista argumenta que, em troca, Dilma terá em torno de 2 milhões de votos a mais do que o adversário tucano, José Serra, no Maranhão. O líder do governo, deputado Cândido Vaccarezza (PT-SP), considera a greve de fome de Dutra "uma deslealdade" com o PT. Para ele, o partido tomou uma decisão nacional que tem de ser respeitada.

Sobre a decisão do Diretório Nacional do PT

1- Como parceiro de tantas lutas e militante da esquerda brasileira, lamento o equívoco político da maioria da direção nacional do PT. Tão grave erro tem consequencias táticas e estratégicas igualmente graves, como a história demonstrará. Manifesto também a indignação contra o tratamento desrespeitoso ao PSB, ao PCdoB e ao PT do Maranhão.

2 – Não há qualquer motivo jurídico ou político que sustente a decisão da maioria da direção nacional do PT.

3 – Agradeço a confiança das direções nacionais e estaduais do PSB e do PCdoB, que desde o começo do processo manifestam-se a favor de um Maranhão justo e desenvolvido. Do mesmo modo, o meu reconhecimento aos companheiros do PT do Maranhão, os quais, em sua imensa maioria, permanecem determinados a renovar e mudar a política maranhense.

4 – Prossigo na pré-campanha no Maranhão, com o PCdoB, o PSB, os petistas e os movimentos sociais. A esperança está mais viva do que nunca. Quem conhece o sofrimento e a pobreza do povo do Maranhão, e se indigna com essa situação vergonhosa, não se permite ter medo.

5 – Amanhã (sábado) estaremos debatendo nosso Programa de Governo nos municípios de Colinas, Mirador e Dom Pedro. No domingo, participarei do Congresso Estadual da União da Juventude Socialista (UJS), em São Luís.

6 – Faremos nossa Convenção Estadual no dia 26 de junho, em São Luís. Vamos vencer as eleições. A esperança sempre vence o medo.

Em 11 de junho de 2010.


Flávio Dino
Vice-líder do PCdoB na Câmara e
pré-candidato a governador do Maranhão

Carta de militantes da CNB para o Diretório Nacional do PT

CARTA AOS COMPANHEIROS DA CNB

PREZADOS (AS) COMPANHEIROS E COMPANHEIRAS DA DIREÇÃO NACIONAL DO PT,

PREZADOS (AS) INTEGRANTES DO CAMPO CONSTRUINDO UM NOVO BRASIL (CNB),

Os companheiros e companheiras abaixo-assinados, integrantes da CNB no Maranhão, dirigimo-nos à Direção Nacional do PT para manifestar nossa posição acerca da conjuntura e do papel dos petistas no cenário maranhense em 2010:

No Encontro de Tática Eleitoral, realizado no final de março, em São Luís, o PT do Maranhão decidiu formar aliança com o PC do B. As diversas correntes do partido debateram exaustivamente, apresentaram seus argumentos e votaram. Tudo ocorreu sob os olhos do dirigente nacional Paulo Frateschi.

A decisão tomada precisa ser considerada. Não é justo calar a vontade e o voto de companheiros e companheiras que aprenderam a participar da vida democrática nas lutas contra a ditadura militar, na campanha pelas Diretas Já, na Assembléia Nacional Constituinte e em tantos outros embates, com destaque para a primeira eleição do companheiro Lula em 2002.

A decisão sobre a tática eleitoral, pela aliança com o PC do B, não é um fato isolado na conjuntura política maranhense. É fruto do acúmulo da campanha à Prefeitura de São Luís, em 2008, quando formamos a coligação Unidade Popular, reunindo petistas e comunistas, chegando ao segundo turno com o grito da vitória preso na garganta.

À época, com as bandeiras vermelhas tomando conta da capital do Maranhão, a companheira Dilma Roussef esteve em São Luís, no memorável comício da praça Deodoro, manifestando publicamente seu apoio à coligação Unidade Popular, que teve como candidato a prefeito Flavio Dino (PC do B) e o vice Rodrigo Comerciário (PT).

Dilma e Dino, o PT e o PC do B, são aliados históricos na construção de um projeto nacional no campo da esquerda brasileira, liderado pelo presidente Lula. A ampliação deste projeto, no Maranhão, passa necessariamente por uma candidatura afinada e comprometida com os princípios e as políticas públicas implementadas até agora e com perspectivas de melhorias a partir de 2011.

O Maranhão crescerá junto com o Brasil se tivermos afinidade ideológica, construção programática e vontade política, características que nos unem pela cor vermelha, pelos símbolos da estrela, da foice e do martelo, pelas práticas, sonhos e desejos de melhorar a nossa realidade.

Há dois anos iniciamos a construção de um pólo democrático-popular no Maranhão, vislumbrando o futuro próximo de 2010. Chegamos aqui reiterando este propósito, com a acertada decisão do Encontro de Tática Eleitoral.

Dilma Roussef é a nossa candidata a presidente. Estamos afinados com o projeto nacional. Não há como negar esse fato.

Se a direção nacional anular ou inverter o resultado do Encontro de Tática Eleitoral, esta atitude será imensamente desfavorável à nossa candidatura presidencial.

Há um clima de enorme expectativa. O Maranhão inteiro olha para o PT, observa, analisa e opina. Estamos no foco das eleições de 2010. Todos os dias as manchetes dos jornais alimentam especulações sobre uma eventual intervenção do Diretório Nacional, anulando o resultado do referido encontro.

Vivemos um momento decisivo. Ou fortalecemos o campo democrático-popular e avançamos para disputar o governo com chances de vitória, ou retrocedemos oxigenando a candidatura do grupo liderado pelo senador José Sarney, do PMDB, cuja essência é DEMista, herdeira da Arena e do PDS.

O PT do Maranhão, ao coligar-se com o PMDB, vai revitalizar um grupo político que chega aos estertores do seu mandonismo.

Diversos militantes e dirigentes da CNB, orgânicos e simpatizantes, na capital e no interior do Maranhão, estão decididos a engajar-se na campanha de Flavio Dino. Uma eventual anulação do Encontro de Tática será desastroso para todos nós.

Não há consenso, no nosso campo, acerca do apoio à candidatura do PMDB no Maranhão. Pelo contrário. Há muitas divergências. Porque é inconcebível à larga maioria da CNB uma aliança com o atraso, levando-nos a apoiar um projeto nocivo ao povo do Maranhão.

Há um cenário favorável à construção de uma terceira força político-eleitoral, liderada pelo PT e pelo PC do B. A configuração deste bloco ganha mais força com a candidatura de Flávio Dino (PC do B) ao Governo do Maranhão.

Temos uma chapa competitiva, com base social e partidária, forte, capaz de ganhar a eleição e fazer um governo progressista no Maranhão.

Só temos um pedido a fazer à Direção Nacional do PT: considerem o resultado do Encontro de Tática Eleitoral e deixem valer o resultado, construído no debate e no voto, que assegurou a coligação dos petistas com os comunistas. Pois, os princípios democráticos e o respeito aos fóruns do PT marcam a nossa história de construção de um partido socialista e de massas, que busca a transformação social e a consolidação de uma forma diferente de fazer política.

Pelo bem do Maranhão e do Brasil. DILMA ROUSSEF PRESIDENTA, FLAVIO DINO GOVERNADOR!

Nivaldo Araújo - Presidente da CUT-MA, Chico Sales - Presidente da Federação dos Trabalhadores na Agricultura (Fetaema), Ed Wilson Araújo - Diretor do Sindsep-MA, Luis Domingos Pinheiro – Sindicato dos Comerciários e dirigente da CUT, Marlon Henrique - Membro do Diretório do PT de São Luis - MA, Moacir Filho - Sindicato dos Comerciários e dirigente da CUT, Marcos Vandaí - Dirigente da CUT-MA, Marla Silveira - Setorial de Cultura do PT-MA, Eduardo Pinto - Presidente do Sindicato dos Ferroviários, Luzimar Brandão – Diretora do Sindicato dos Ferroviários e do Movimento Negro, Damasceno José – Diretor do Sindicato dos Ferroviários, Lúcio Azevedo – Diretor do Sindicato dos Ferroviários, Sônia Maria – Sindicalista da FUNASA, Emerson Luis – Diretor do Sindicato dos Ferroviários, Sussalvino – Diretor do Sindicato dos Ferroviários, Ricardo Gonçalves - Membro do Diretório do PT de Pedreiras – MA, Marlon Botão – Executiva Municipal do PT de São Luis – MA, Deuzt Calvacante – Vereador de Santa Inês, Manoel Lages - Diretor do Sindsep-MA, Valter César - Diretor do Sindsep-MA, Domingos Cantanhede – Assessor da Federação dos Trabalhadores na Agricultura (Fetaema), Odair José – PT de Coroatá, Raimundo Diogo – Vereador do PT de Coroatá -MA, Guilherme Zagalo – Vice-Presidente da OAB-MA, Elisene Castro Matos - Membro do Coletivo Estadual de Cultura, Delzuita Silva Silveira - Membro do Setorial de Cultura, Katiane Silva Azevedo - Membro do Setorial de Cultura, José Antônio (Tom de Caxias) – PT de Caxias, Soismarino Ramos - PT de São José de Ribamar, Adão de Sousa Carneiro – PT de São Francisco do Brejão, Maria Adriana Oliveira - Coordenação de Mulheres da FETAEMA e da CUT/MA, Marinaldo Alexandre – vereador do PT de Grajaú, Valdemar Ferreira – Vereador do PT de Satubinha, Maria De Sousa Lira – Ex-Prefeita do PT de Bom Jesus das Selvas, Francisco Domingos (Bilú) – Jornalista e do PT de Santa Luzia do Paruá, Chico Miguel - Vice-Presidente da FETAEMA, Ana Maria Oliveira - Sec. Geral da FETAEMA, Fernanda Oliveira Ferreira - Coord. da Juventude da FETAEMA, Joaquim Alves de Sousa -Sec. de Política Agrária da FETAEMA, Bruno Henrique – militante do PT de São Luis.

Caravana da Anistia no Maranhão

Realizada na manhã desta terça-feira (8) na Assembleia Legislativa, a 40ª sessão da Caravana da Anistia que apreciou 14 requerimentos de pedidos de anistia política. A sessão realizada simultaneamente no Plenário Nagib Haickel e o plenário Gervásio Santos teve a presença de seis conselheiros do Ministério da Justiça, ministro Especial de Direitos Humanos, Paulo Vanucchi, do presidente da Comissão, Paulo Abrão, e do coordenador do projeto Direito à Memória e à Verdade, Maurice Politi.

Participaram ainda solenidade de abertura, o presidente da Assembleia, deputado Marcelo Tavares (PSB), o autor do pedido de vinda da Caravana a São Luis, deputado Rubens Pereira Junior (PCdoB), o Secretario Estadual de Direitos Humanos, Sérgio Temer, representando a governadora Roseana Sarney e o deputado federal Flávio Dino (PCdoB).

Rubens Junior lembrou da importância da vinda da Caravana ao Maranhão, um estado onde muitas pessoas sofreram perseguições durante a ditadura militar. Flávio Dino lembrou que o pai, o ex-deputado Sálvio Dino, teve o mandato cassado pela ditadura militar e ressaltou que hoje o país respira ares democracia graças a luta de pessoas que decidiram lutar pela liberdade em tempos marcados pela repressão.

Paulo Vanucchi fez um discurso longo e ressaltou a trajetória da luta em favor da anistia lembrando ainda que o Brasil vive um momento especial e é preciso não fechar os olhos para os fatos que aconteceram na história recente.

Desde que foi criada, em 2001, a Comissão já recebeu cerca 66 mil pedidos de anistia, dos quais cerca de 54 mil já foram apreciados. Um grupo superior a mais 35 mil brasileiros conseguiram ser anistiados e 12 mil pessoas conquistaram também alguma reparação econômica.

As caravanas da Anistia já promoveram julgamentos iguais ao ocorrido hoje na Assembleia, em 18 estados brasileiros. Dos 14 pedidos analisados na sessão, cinco foram deferidos, dentre eles o do deputado Francisco Gomes (DEM). Mais cinco pedidos foram indeferidos, outros três foram deferidos parcialmente e em um houve pedido de vistas.

Fonte : Agência Assembléia-Ma

Geração de empregos no Maranhão

A PROPAGANDA DO GOVERNO DO MARANHÃO

por Aristides Lobão Neto

Economista – Mestre em Economia Empresarial

Recentemente o Governo do Estado do Maranhão começou a divulgar propaganda na qual relata vários feitos já realizados no Estado em seu curto tempo de trabalho, entre eles o surgimento de mais de 140.000 postos de trabalhos formais, de acordo com informações disponíveis pelo CAGED.

De fato, ao analisarmos os números da série histórica disponibilizada pelo CAGED que vai de março de 2009 a março de 2010, constata-se que a economia maranhense gerou nesse período exatos 144.734 postos de trabalho formais o que de certa forma confirma o que vem sendo vinculado pela propaganda oficial.

A grande questão é que “esquece” o Governo do Estado que a atividade econômica não só no Maranhão, mas no Brasil e no Mundo, gera, além das admissões, as tristes demissões. Mesmo em uma economia em franca expansão como a brasileira e a Chinesa, mês a mês há registros de pessoas que foram empregadas e outras que perderam os seus empregos.

No caso do Maranhão enquanto foram admitidos novos 144.734 trabalhadores na economia local no período acima citado, 137.734 perderam os seus empregos, e isso a propaganda não cita.

O Governo do Estado deveria divulgar para a população o saldo final entre empregados e desempregados que foi de apenas 6.931 pessoas deixando o Maranhão apenas na 22° colocação entre todos os estados brasileiros, e não somente divulgar um lado desse processo.

O Governo Federal divulga que o a economia brasileira vem batendo sucessivos recordes de geração de postos de trabalhos formais e, assim como o Governo do Estado do Maranhão, tem como fonte os dados disponibilizados pelo CAGED. A diferença é que no caso do Governo Federal ele sempre se reporta ao saldo final e não somente ao número de admitidos.

Caso a propaganda oficial do Governo Federal divulgasse que entre março de 2009 e março de 2010 a economia brasileira gerou um número recorde de 17.074.853 postos de trabalho formais, a oposição ao governo lula poderia muito bem divulgar que o número de demissões também foi recorde, na ordem de 15.364.733. Nesse caso, nenhum dos lados estaria contando uma mentira, mas estariam deixando de contar a verdade inteira, pois o que interessa no final do processo é o seu saldo.

Assim sendo, tomara que na próxima propaganda oficial o Governo do Maranhão não esqueça de mostrar a verdade inteira e trabalhar com o saldo final entre admissões e demissões de trabalhadores.

http://twitter.com/ARISTIDESLOBAO

Carta de Manoel da Conceição ao presidente Lula

2ª Carta de Manoel da Conceição ao Companheiro Presidente Lula

Sra. Dilma Rousseff – Pré Candidata do PT à Presidência da República

Executiva Nacional do PT

Diretório Nacional do PT

Nobre companheiro presidente Lula,

É com a ternura, o carinho e o amor de um irmão, a confiança, o respeito e o compromisso de um companheiro de classe, das organizações e lutas históricas dos trabalhadores e das trabalhadoras desse país e do mundo que me sinto com a liberdade e o direito de lhe enviar esta 2ª carta, tratando de questões que compreendo ter muito a ver com a responsabilidade do companheiro tanto como agente político das lutas em prol da justiça social para a classe trabalhadora como também na qualidade de um primeiro presidente da república legitimamente forjado nas organizações e lutas desse povo excluído, sofrido, mas que é capaz de realizar o impossível enquanto força social e política organizada e consciente do seu projeto de libertação classista.

Dirijo-me ao companheiro com a minha identidade de trabalhador rural, de sindicalista, de ambientalista, de humanista e de militante e fundador do Partido dos Trabalhadores, o qual comecei a sonhar e trabalhar na sua criação quando ainda me encontrava no exílio, juntamente com honrados e honradas companheiros e companheiras que havíamos sido banidos do nosso país pela intolerância de um governo totalitário e de regime militar.

Porém, minha identidade social, política e classista se origina bem antes da criação do PT e da CUT, instrumentos classistas dos quais me orgulho de ter sido co-fundador, juntamente com o companheiro e um conjunto de honrado(a)s e legítimo(a)s militantes e intelectuais orgânicos da classe trabalhadora.

Na realidade companheiro Lula minha história de luta social e política se originou aqui mesmo no Maranhão, estado do qual sou filho natural com minha matriz étnica negra e indígena.

Agora em julho de 2010 completarei 75 anos de idade. Quando eu era ainda jovem vi meu pai e muitas famílias agricultoras serem massacradas e enxotadas de suas posses por latifundiários, coronéis e jagunços, acobertados e protegidos por um governo oligárquico. Certa vez presenciei um grande massacre de companheiros meus quando estávamos reunidos em uma pequena comunidade rural do interior do Maranhão. Neste dia fomos atacados de forma covarde por um grupo de soldados e jagunços, que sem a menor chance de defesa assassinaram 5 pessoas, dentre elas uma criança que correu prá abraçar o pai caído no chão e foi pego pelas pernas e arremessado contra a parede que a cabeça abriu espalhando os seus miolos, também uma velhinha, que tentou impedir a morte do filho foi cravada de punhal em suas costas, ficando rodando no chão espetada. Eu escapei por puro milagre com um tiro na perna, mas me tornei mais revoltado ainda com a classe latifundiária e jurei perante a comunidade a lutar o resto de minha vida contra os latifundiários e suas injustiças.

Presenciei um segundo massacre em 1959 quando estávamos novamente reunidos em uma comunidade por nome Pirapemas para preparar a defesa de uns companheiros que estavam sendo acusados de ter invadido uma propriedade e roubado umas frutas do sítio. Neste dia chegou um grupo de uns 20 policiais, soldados, tenente, cabos e um sargento. Ao chegarem ao local da reunião o sargento perguntou quem era o presidente da associação, e como foi respondido que não havia presidente o sargento falou: pois então todos são presidentes e vão levar bala. Neste dia foram assassinados sete companheiros e três outros ficaram gravemente feridos.

Minha primeira motivação para a luta era sustentada em pura revolta, ódio dos exploradores da minha família e das famílias camponesas da mesma região que habitávamos. Sem a menor consciência política e dominado pelo ódio eu cheguei a acreditar que a libertação dos trabalhadores de tal estado de sujeição dependeria de um salvador da pátria, de um homem corajoso, de um herói que com o apoio eleitoral dos oprimidos iria por fim a tal dominação. A partir desse entendimento extremamente limitado e de um profundo sentimento de revolta pela violência testemunhada e sofrida, vi surgir na minha ingenuidade uma esperança para salvar a massa camponesa do jugo dos latifundiários apadrinhados pelo poder da oligarquia viturinista que comandava o estado do Maranhão. O nome dessa esperança era José Sarney.

Com um discurso muito bem elaborado e com a radicalidade de um revolucionário Sarney prometia exatamente o que nós camponeses queríamos ouvir: um Maranhão novo e livre de oligarquia, reforma agrária, punição dos crimes cometidos contra as famílias camponesas e indenização dos prejuízos a elas causados pelo gado dos fazendeiros. Eu acreditei no discurso do cidadão e me tornei um aguerrido cabo eleitoral, andando a cavalo em todas as comunidades da região fazendo sua campanha. Resultado, com uma grande adesão popular, elegemos o José Sarney em 1965 para ser o governador do Maranhão. Nessa época eu já era presidente do Sindicato de Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais de Pindaré Mirim, que congregava trabalhadores rurais de toda a grande região do Pindaré. Mesmo sem ainda ter uma sólida consciência de classe eu já havia sido preso e espancado severamente pela polícia da ditadura militar. Foi por conta dessa perseguição que eu passei a acreditar nas promessas do Sarney que caso fosse eleito iria ser uma força aliada dos trabalhadores contra a repressão da ditadura militar.

No dia 13 de julho de 1968 o Sindicato de Trabalhadores Rurais de Pindaré Mirim havia convocado uma reunião da categoria para receber a visita de um médico para tratar questões relacionadas à saúde dos associados e associadas. O Prefeito do município na época mandou informar que iria fazer uma visita ao sindicato neste mesmo dia. Por volta das 10 horas da manhã chegou um pessoal dizendo que queria falar com o presidente do sindicato. Quando eu apontei na porta fui recebido por tiro de fuzil que estraçalhou minha perna. A ação e os disparos foram efetuados pela polícia militar. Outros companheiros também foram atingidos por bala, mas felizmente não houve morte. Eu fui levado aprisionado e jogado na cadeia sem receber nenhum tratamento no ferimento, o que levou minha perna a gangrenar e ter que ser amputada.

Sarney se encontrava em viagem para o Japão e quando retornou manifestou desconhecimento da questão e mandou seus assessores manter contato comigo, oferecendo apoio para a minha família, uma perna mecânica, uma casa e outras ofertas, desde que eu me tornasse um defensor do seu governo. Eu respondi que não estava preso por ser bandido, que minha perna tinha sido arrancada por bala da própria polícia militar do estado sob seu governo. Portanto, minha perna era responsabilidade da classe que eu representava, minha perna era a minha classe. Desde então eu passei a ser considerado um inimigo do Estado militar, passando a ser alvo de permanente perseguição. Fui preso 9 vezes e submetido às piores torturas que um ser humano é capaz de suportar. Vi muitos de meus companheiros e companheiras serem torturados e morto(a)s por ordem do governo militar do qual Sarney se tornou parte num primeiro momento como governador do Maranhão e posteriormente como Senador Biônico.

Vale ressaltar que foi no primeiro governo da nascente oligarquia Sarney, que foi promulgada a Lei Estadual 2.979, regulamentada pelo Decreto 4.028 de 28 de novembro de 1969, a qual facultava a venda de terras devolutas sem licitação a grupos organizados em sociedade anônima. Essa lei foi o maior instrumento de legalização da grilagem das terras do Maranhão, particularmente na região do Pindaré (ASSELIN, 1982, p. 129). Essa grilagem promoveu a expulsão das famílias agricultoras de suas posses e a migração de milhares de famílias camponesas maranhenses para outros estados.

Eu escapei com vida, embora mutilado e com seqüelas físicas e psicológicas profundas, por conta da solidariedade da anistia internacional, das igrejas católicas e evangélicas, da AP como principal mobilizadora dos apoios e até do Partido Comunista do Brasil que na ocasião fez uma ampla campanha internacional pela preservação da minha vida.

Finalmente, fui exilado na Suiça de onde continuei denunciando as atrocidades da ditadura militar nas oportunidades que tive de viajar por vários países europeus. Foi também no exílio juntamente com companheiros refugiados que começamos a discutir a idéia já em discussão no Brasil de criação do Partido dos Trabalhadores e também de uma central sindical.

Meu companheiro Lula, hoje vivemos um novo momento na história do Brasil; aquelas lutas dos anos 50, 60, 70, 80 e 90 não foram em vão; tivemos prejuízos enormes, pois muitas vidas foram ceifadas pela virulência dos detentores do poder do capital; porém, temos um saldo expressivo de vitórias; hoje temos um partido que se tornou a maior expressão política da classe trabalhadora na América Latina; temos o melhor presidente da história desse gigantesco país, que ironicamente é um trabalhador operário e nordestino, que assim como eu quase não teve acesso a estudos escolares. Eu confesso a você que sinto um imenso orgulho de ter participado desde os primeiros momentos da construção dessa grandiosa e ousada empreitada. Porém, companheiro presidente, ultimamente eu tenho vivido as maiores angustias que um homem com minha trajetória de vida é capaz de imaginar e suportar.

Receber a imposição de uma tese defendida pela Direção Nacional do meu partido e até onde me foi informado pelo próprio companheiro presidente de que o nosso projeto político e social passa agora pelo fortalecimento da hegemonia da oligarquia sarneysta no Maranhão. Eu sei do malabarismo que o companheiro presidente tem precisado fazer para garantir alguma condição de governabilidade, porém, sei do alto custo que é cobrado por esses apoios conjunturais, e que nosso governo vem pagando a todos esses ônus.

Companheiro, tudo precisa ter algum limite e tal limite é a nossa dignidade. O que está sendo imposto a nós petistas do Maranhão extrapola todos os limites da tolerância e fere de morte a nossa honra e a nossa história. Eu pessoalmente, há mais de 50 anos venho travando uma luta contra os poderes oligárquicos e contra os exploradores da classe trabalhadora neste país. Por conta disso perdi dezenas de companheiros e companheiras que foram barbaramente trucidados por essas forças reacionárias. Como que agora meus próprios companheiros de partido querem me obrigar a fazer a defesa dessas figuras que me torturaram e mataram meus mais fieis companheiros e companheiras.

Vocês podem ter certeza que essa é a pior de todas as torturas que se pode impor a um homem. Uma tortura que parte dos próprios companheiros que ajudamos a fortalecer e projetar como nossos representantes no partido e na esfera de poder do Estado, na perspectiva de um projeto estratégico da classe trabalhadora. Estou falando do fundo de minha alma em honra à minha história e à de meus companheiros e companheiras que foram assassinadas pelas forças oligárquicas e de extrema direita neste país.

Estou animado para fazer a campanha da companheira Dilma, assim como para fazer uma aguerrida campanha política em prol do fortalecimento do PT no Maranhão e para construir um projeto político alternativo à oligarquia sarneysta, juntamente com os partido do campo democrático e popular na Coligação PT, PCdoB e PSB. Esta foi a tática vitoriosa em nosso encontro estadual realizado nos dias 26 e 27 de março, que aprovou por maioria de votos, da forma mais transparente possível e cumprindo todos os preceitos legais o nome do companheiro Flávio Dino para candidato dessa aliança legitimamente de esquerda e respaldada pelas mais expressivas organizações da classe trabalhadora deste estado que publicamente se manifestaram, a exemplo da Federação dos Trabalhadores na Agricultura – FETAEMA e a CUT.

Assim, penso que Estamos sendo coerentes com a nossa história e identidade classista. Portanto, estou fazendo este apelo ao mais ilustre companheiro de partido e confessando em alto e bom som que não aceitarei sob nenhuma hipótese a tese de que nestas alturas de minha vida eu tenha que negar minha identidade e desonrar a memória de meus companheiros e companheiras que foram caçados e exterminados pela oligarquia e os detentores do capital no Maranhão, no Brasil e mundo inteiro.

Lamento e peço desculpas se este meu posicionamento desagrada o companheiro e a Direção Nacional do PT, mas não posso me omitir diante de uma tese destruidora de nossa identidade coletiva e que representa a negação de tudo que temos afirmado nas nossas palavras e ações. Espero poder contar com a solidariedade e compreensão do meu histórico companheiro de utopias e lutas.

Atenciosamente,
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Manoel Conceição Santos – Membro Fundador do PT e primeiro Secretário Agrário Nacional
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A luta pelo PT - parte final

10/6/2010

Partido deve ser liberado da obrigação de apoiar Roseana no Maranhão

O diretório nacional do PT deverá liberar o partido da obrigação de apoiar a candidatura de Roseana Sarney (PMDB) ao governo do Maranhão. Apesar do empenho pessoal do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e da pressão do presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), pela aliança formal para evitar o segundo turno a qualquer preço, diversos integrantes da cúpula petista acham arriscado ratificar uma aliança sobre a qual pesa a suspeita de compra de votos durante o encontro estadual realizado no mês passado. Na época, os petistas maranhenses aprovaram, por apenas dois votos de diferença, o apoio a Flávio Dino (PCdoB), mas surgiu a acusação de que um grupo que defendeu a aproximação com Roseana teria recebido cerca de R$ 200 mil para apoiar a pemedebista.

A reportagem é de Paulo de Tarso Lyra e Raymundo Costa e publicada pelo jornal Valor, 10-06-2010.

O presidente nacional do PT, José Eduardo Dutra (SE), admite a delicadeza da situação e diz que não há como comparar o caso do Maranhão com Minas Gerais, onde o desejo de Lula e do PMDB - o apoio a Hélio Costa para o governo estadual - sufocou o movimento dos petistas mineiros, que queriam a candidatura própria do ex-prefeito de Belo Horizonte Fernando Pimentel. "Em Minas, apesar da posição divergente, o diretório estadual era coeso. No caso do Maranhão, existem dois grupos internos que absolutamente não conversam entre si".

Dutra lembra que, enquanto o encontro estadual deliberou o apoio a Flávio Dino, o diretório estadual aprovou a participação no governo de Roseana Sarney. "Não podemos fazer parte formalmente de um governo e apoiar a candidatura de um nome de oposição", completou o presidente do PT, embora o nome da oposição faça parte da aliança que sustenta o governo Lula.

Três teses serão examinadas na reunião de amanhã do diretório nacional do PT em Brasília: o apoio à candidatura de Flávio Dino (PCdoB), como deliberou o encontro estadual do partido; uma coligação formal com Roseana Sarney; ou a liberação do partido no Estado, o que é considerado, para deputados como Domingos Dutra (PT-MA), uma intervenção branca que favorece a família Sarney. Ele promete fazer uma greve de fome no plenário da Casa se a decisão do diretório local do PT maranhense não for respeitada.

A situação é tensa. Dirigentes do partido, como o secretário-geral José Eduardo Cardozo (SP) e o diretor de Organização, Paulo Frateschi (SP), foram ao Maranhão avaliar o quadro político. Dutra disse que todas as correntes do PT terão tempo para expor suas posições antes da decisão do diretório.

Sarney continua empenhado em atrair o apoio do PT. Antes do encontro estadual do partido no Maranhão, ele e Roseana foram ao presidente Lula pedir que ele contivesse o ímpeto da legenda no Maranhão. Mais do que uma dívida política, Lula nutre profunda simpatia por Sarney, que não o abandonou durante o escândalo do mensalão. Mas petistas influentes afirmam que essa fatura foi paga quando Lula enquadrou o PT do Senado, levando-o a garantir a manutenção de Sarney na presidência da Casa. "Depois disso, eles ainda nos atropelaram na eleição para a presidência da Comissão de Infraestrutura do Senado, apoiando Fernando Collor e eliminando a possibilidade de Ideli Salvatti", reforçou uma liderança petista.

Se a pressão pelo apoio formal não der certo, os pemedebistas vão trabalhar pela neutralidade. "Tudo o que não pode acontecer é o PT apoiar Flávio Dino. Dino não poderá ser fortalecido em hipótese nenhuma", disse ao Valor um pemedebista próximo de Sarney. A reeleição de Roseana não está garantida, e ainda há processo no tribunal eleitoral. Circulam pelo Maranhão pesquisas qualitativas mostrando que o eleitor está disposto a votar em um nome novo. No interior, que sempre serviu de base de apoio para o clã Sarney, o empenho dos prefeitos não é o mesmo de outrora. Reclamam que o governo estadual suspendeu o repasse de verbas para os municípios.

O desejo da família Sarney é que a eleição seja decidida em primeiro turno. Se isso não acontecer, Roseana provavelmente verá uma ampla aliança das oposições contra ela, repetindo o cenário de 2006. Naquele ano, ela deixou de ganhar em primeiro turno por menos de um ponto percentual. No segundo turno, foi derrotada por Jackson Lago (PDT).

Também em 2006, desenhou-se a mesma coligação que agora tende a apoiar Flávio Dino: PT-PSB e PCdoB que, juntos, apoiaram Edson Vidigal e, no segundo turno, juntaram-se a Jackson Lago. Mas como Roseana tinha mais de 70% das intenções de voto, essa parceria, que o clã Sarney quer implodir agora, não representava uma ameaça. "Mesmo que o PT não me apoie formalmente, os petistas estão comigo. Mais de 80% da militância vai fazer campanha conosco", garantiu Dino.

Entrevista ao jornalista Roberto Kernard

Acompanhe abaixo a entrevista que concedi para o blog do jornalista Roberto Kenard

Pergunta – No primeiro mandato de deputado federal, e ainda sem concluí-lo, o senhor apareceu todo o tempo entre os quatro melhores deputados do país. O que faz alguém deixar um mandato assim avaliado e se lançar numa disputa incerta ao Governo do Maranhão?

Flávio Dino – Compromisso! Compromisso e um forte sentimento de que é necessário contribuir ainda mais para uma mudança efetiva na realidade maranhense. O Maranhão pode ser diferente, pode ser um estado em que haja justiça para todos, em que o desenvolvimento seja verdadeiro, assegurando condições de vida digna para toda a população. A disputa é de fato incerta, mas não apenas para mim. É incerta para todos os candidatos, uma vez que o povo é quem decidirá, em outubro. Tenho convicção de que é possível construir uma grande vitória política, que é possível vencer as eleições.

P – O senhor acredita que Roseana Sarney perde essa eleição, mesmo sabendo que o uso da máquina no Maranhão é acachapante e praticamente uma tradição?

FD – Essa é uma prática que precisa ser duramente combatida pela Justiça Eleitoral. A propósito, tenho dito que nós precisamos proclamar a república aqui no Maranhão, tamanha é a confusão que se faz entre público e privado. Acho que é possível vencer, portanto que é possível derrotar a governadora Roseana Sarney Murad nessa sua quarta disputa pelo governo do Maranhão. Ela representa um bloco político que não tem mais o que dizer, que não conseguiu criar uma alternativa consistente de progresso para o Maranhão. O sentimento de renovação e mudança irá prevalecer.

P – Petistas aliados seus em 2008, na disputa pela Prefeitura de São Luís, mudaram de malas e bagagens para o lado da governadora Roseana Sarney em detrimento da aliança com o PCdoB. Que avaliação faz dessa mudança?

FD – É uma lamentável incoerência. Nossa aliança em 2008 era visando um projeto que não se esgotava numa eleição. Várias vezes conversamos com esses companheiros sobre a natureza estratégica de nossa aliança. É uma pena que hoje tenham optado por um poder decadente, abandonando a perspectiva de uma profunda mudança na política maranhense. Vivemos um momento agudo da nossa história, um momento em que é possível virar a página, escrever uma nova página, e esses companheiros a quem você se refere poderiam dar uma grande contribuição para o Maranhão acompanhar o Brasil em seu processo de desenvolvimento com justiça social.

P – Vamos supor que o PT nacional trate de invalidar a decisão da maioria petista que no Encontro de Táticas escolheu a aliança com o PCdoB. Petista na juventude e aliado não-fisiológico do Governo Lula na Câmara, o senhor tomaria que decisão?

FD – Não creio que o PT nacional irá cometer um ato contrário à lei, aos seus estatutos e à democracia interna. Mas se isso acontecer, se depender somente de mim seguirei adiante, porque a candidatura é resultado do anseio de forças vivas da sociedade, de partidos políticos como o PCdoB, meu partido, o PSB, da imensa maioria do próprio PT e dos movimentos sociais do Maranhão.

P – A campanha ainda nem começou e as baixarias contra o senhor já são visíveis, inclusive com apelações grotescas. Na campanha, como o senhor pretende encarar isso?

FD – Realmente estou impressionado com o nível de pânico e desorientação dos nossos adversários. Uma política de ódio, que nada traz de positivo. Lamento muito que isso ocorra. Na campanha para a prefeitura em 2008 apelaram para todo tipo de baixaria, mas não conseguiram conter o crescimento de nossa candidatura, que saiu de 4% no inicio da campanha e chegou ao final do segundo turno com 45% dos votos. O povo maranhense merece uma campanha limpa e repudiará atos de baixaria, creio nisso. Em vez de intrigas e fuxicos, propostas e debate sério; essa será a minha conduta.

P – Como o senhor analisa esse um ano de governo Roseana Sarney?

FD – São dez anos de governo Roseana Sarney e o mesmo modelo. Ou seja, muita mídia e poucas ações concretas, que mudem efetivamente a condição de vida dos milhões de maranhenses mais pobres. Lembro o senador Cafeteira fazendo essa crítica nos anos 90. Somos detentores dos piores indicadores sociais, mas não vemos nenhuma política pública que tenha como meta melhorar a condição social do nosso Estado. E não estou me referindo a um mero slogan, marketing, propaganda e publicidade; estou falando de um modelo de desenvolvimento para o nosso estado que priorize a justiça social e melhore a distribuição de renda em nosso estado, um novo modelo de desenvolvimento. Estou falando de um modelo de governo que não discrimine os municípios, pelo contrário, que dialogue com todos eles, independente de quem esteja à frente da prefeitura. Estou me referindo a um modelo de governo que inverta as prioridades. Isso significa dizer trabalhar para a excelência dos serviços públicos, a fim de que a população tenha acesso à educação, saúde, segurança, trabalho e renda.

P – Dá para dizer a primeira medida que o senhor tomaria se viesse a ser eleito governador?

FD – Posso apontar algumas atitudes que estarão presentes desde o primeiro dia do nosso governo. Combater duramente a corrupção. Saber ouvir o povo, com humildade. Entusiasmar e valorizar os servidores públicos e os empresários do Maranhão. Viajar permanentemente por todo o Estado para ficar próximo das comunidades. Priorizar as políticas sociais. Demonstrar diariamente aos pobres, aos pequenos, aos esquecidos, que eles têm no Palácio dos Leões um companheiro que conhece as leis e luta pelos seus direitos.

Postado em Entrevistas, por Roberto Kenard
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Entrevista em Imperatriz

Chapa liderada por Flávio Dino é apresentada em Imperatriz

31 de maio de 2010 às 18:34

Em entrevista coletiva, o pré-candidato ao governo do Maranhão, o deputado federal Flávio Dino (PCdoB/MA) apresentou nesta segunda-feira, dia 31, em Imperatriz a chapa majoritária que disputará o governo do estado nas eleições de outubro deste ano. Flávio Dino tem, ainda, como companheiros de chapa a pré-candidata a vice, Terezinha Fernandes, José Reinaldo Tavares e Bira do Pindaré, pré-candidatos a senador. Flávio Dino diz que a chapa por ele encabeçada é para vencer.

No encontro com os jornalistas, Flávio Dino fez questão de ressaltar que a chapa por ele liderada é mais “Maranhão do Sul”. Disse isso numa referência ao fato de sua vice, Terezinha Fernandes, ser uma das lideranças na região, do pré-candidato ao Senado, Bira do Pindaré, ter família na cidade – seu tio Luis Gonçalves é vereador pelo PSB, e, finalmente, o seu pai, Sálvio Dino, ser ex-prefeito de João Lisboa.

Flávio Dino destacou, ainda, que a base do seu programa de governo está na crença e nos sentimentos. O primeiro sentimento, segundo ele, é o de coragem, de determinação e empolgação. O segundo, é a condição da verdade. E a crença de que é possível um novo modelo de desenvolvimento para o Maranhão pautado na justiça social e na distribuição de renda.

“Sou católico e as bem-aventuranças indicam que podemos modificar o quadro de fome e de justiça”, pontuou Flávio Dino. Na ocasião disse, ainda, que o programa de governo para a cidade de Imperatriz será baseado em saneamento básico, nas políticas de assistência social, educação e saúde, trabalho e renda. Durante a coletiva, ele anunciou a construção de uma praça da juventude em Imperatriz com recursos da ordem de R$ 1 milhão.

Companheira de Flávio Dino na chapa, a pré-candidata a vice, Terezinha Fernandes afirmou que políticas públicas são a melhor forma de combater o tráfico de drogas. “Clínicas especializadas devem ser montadas para atender viciados. E o aparato de polícia deve ser reforçado no combate ao tráfico”, defendeu.

Para concluir, Flávio Dino defendeu, também, a escola em tempo integral e disse que será meta do seu governo a melhoria das condições de educação em todo o estado.