10/6/2010
Partido deve ser liberado da obrigação de apoiar Roseana no Maranhão
O diretório nacional do PT deverá liberar o partido da obrigação de apoiar a candidatura de Roseana Sarney (PMDB) ao governo do Maranhão. Apesar do empenho pessoal do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e da pressão do presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), pela aliança formal para evitar o segundo turno a qualquer preço, diversos integrantes da cúpula petista acham arriscado ratificar uma aliança sobre a qual pesa a suspeita de compra de votos durante o encontro estadual realizado no mês passado. Na época, os petistas maranhenses aprovaram, por apenas dois votos de diferença, o apoio a Flávio Dino (PCdoB), mas surgiu a acusação de que um grupo que defendeu a aproximação com Roseana teria recebido cerca de R$ 200 mil para apoiar a pemedebista.
A reportagem é de Paulo de Tarso Lyra e Raymundo Costa e publicada pelo jornal Valor, 10-06-2010.
O presidente nacional do PT, José Eduardo Dutra (SE), admite a delicadeza da situação e diz que não há como comparar o caso do Maranhão com Minas Gerais, onde o desejo de Lula e do PMDB - o apoio a Hélio Costa para o governo estadual - sufocou o movimento dos petistas mineiros, que queriam a candidatura própria do ex-prefeito de Belo Horizonte Fernando Pimentel. "Em Minas, apesar da posição divergente, o diretório estadual era coeso. No caso do Maranhão, existem dois grupos internos que absolutamente não conversam entre si".
Dutra lembra que, enquanto o encontro estadual deliberou o apoio a Flávio Dino, o diretório estadual aprovou a participação no governo de Roseana Sarney. "Não podemos fazer parte formalmente de um governo e apoiar a candidatura de um nome de oposição", completou o presidente do PT, embora o nome da oposição faça parte da aliança que sustenta o governo Lula.
Três teses serão examinadas na reunião de amanhã do diretório nacional do PT em Brasília: o apoio à candidatura de Flávio Dino (PCdoB), como deliberou o encontro estadual do partido; uma coligação formal com Roseana Sarney; ou a liberação do partido no Estado, o que é considerado, para deputados como Domingos Dutra (PT-MA), uma intervenção branca que favorece a família Sarney. Ele promete fazer uma greve de fome no plenário da Casa se a decisão do diretório local do PT maranhense não for respeitada.
A situação é tensa. Dirigentes do partido, como o secretário-geral José Eduardo Cardozo (SP) e o diretor de Organização, Paulo Frateschi (SP), foram ao Maranhão avaliar o quadro político. Dutra disse que todas as correntes do PT terão tempo para expor suas posições antes da decisão do diretório.
Sarney continua empenhado em atrair o apoio do PT. Antes do encontro estadual do partido no Maranhão, ele e Roseana foram ao presidente Lula pedir que ele contivesse o ímpeto da legenda no Maranhão. Mais do que uma dívida política, Lula nutre profunda simpatia por Sarney, que não o abandonou durante o escândalo do mensalão. Mas petistas influentes afirmam que essa fatura foi paga quando Lula enquadrou o PT do Senado, levando-o a garantir a manutenção de Sarney na presidência da Casa. "Depois disso, eles ainda nos atropelaram na eleição para a presidência da Comissão de Infraestrutura do Senado, apoiando Fernando Collor e eliminando a possibilidade de Ideli Salvatti", reforçou uma liderança petista.
Se a pressão pelo apoio formal não der certo, os pemedebistas vão trabalhar pela neutralidade. "Tudo o que não pode acontecer é o PT apoiar Flávio Dino. Dino não poderá ser fortalecido em hipótese nenhuma", disse ao Valor um pemedebista próximo de Sarney. A reeleição de Roseana não está garantida, e ainda há processo no tribunal eleitoral. Circulam pelo Maranhão pesquisas qualitativas mostrando que o eleitor está disposto a votar em um nome novo. No interior, que sempre serviu de base de apoio para o clã Sarney, o empenho dos prefeitos não é o mesmo de outrora. Reclamam que o governo estadual suspendeu o repasse de verbas para os municípios.
O desejo da família Sarney é que a eleição seja decidida em primeiro turno. Se isso não acontecer, Roseana provavelmente verá uma ampla aliança das oposições contra ela, repetindo o cenário de 2006. Naquele ano, ela deixou de ganhar em primeiro turno por menos de um ponto percentual. No segundo turno, foi derrotada por Jackson Lago (PDT).
Também em 2006, desenhou-se a mesma coligação que agora tende a apoiar Flávio Dino: PT-PSB e PCdoB que, juntos, apoiaram Edson Vidigal e, no segundo turno, juntaram-se a Jackson Lago. Mas como Roseana tinha mais de 70% das intenções de voto, essa parceria, que o clã Sarney quer implodir agora, não representava uma ameaça. "Mesmo que o PT não me apoie formalmente, os petistas estão comigo. Mais de 80% da militância vai fazer campanha conosco", garantiu Dino.
Um comentário:
Não sei por que tanta guerra. É simples. Voto em Dilma, mas não voto em Roseana. Qual o problema? Agora, vamos rejeitar o apoio do pmdb? É isso? O que será do Brasil se o entregarmos aos demo-tucanos? A hora é de inteligência emocional. Nada de paixão gente, votem com inteligência: Dilma e Dino.
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