28 de Novembro de 2009 - 0h01
Quem vai ao sacrifício
Eduardo Bomfim *
Desta vez foi a Der Spiegel, revista alemã mundialmente conhecida, a publicar esta semana extensa reportagem sobre o desenvolvimento do Brasil e a popularidade do presidente Lula. Diz que ele provocou um verdadeiro milagre econômico e que detém índices de aprovação na faixa de 80%, espalhados por todas as camadas sociais do País. Destaca a identificação entre a população humilde e o presidente da república que pelas suas origens fala a linguagem popular. Mostra a arrancada da economia brasileira considerando os seus indicadores favoráveis em relação aos demais países do chamado BRIC - Brasil, Índia, Rússia e China. Para tanto, considera que o Brasil vem crescendo mais rápido que a Rússia e que não possui movimentos separatistas e problemas étnicos como a Índia. O Brasil exporta alimentos, carros e aviões, mas a base do seu crescimento deve-se ao estável, crescente e poderoso mercado interno já que as suas exportações correspondem a apenas 13% do PIB, o produto interno bruto nacional.
Tudo isso representa, segundo a revista alemã, uma grande alteração econômica porque o Brasil era até então conhecido como exportador de produtos primários e que esses representavam a base da economia nacional. Enaltece também o surgimento em sete anos de uma nova classe média brasileira e que essa desequilibra, juntamente com um proletariado de um poder aquisitivo crescente, as antigas equações políticas do País. E sobre as equações políticas a Der Spiegel considera que as oposições no Brasil encontram-se absolutamente minoritárias, mas que há democracia plena e total liberdade de imprensa no País.
Na política externa o Brasil adota uma postura de independência e passa a ser considerado como um grande mediador de conflitos internacionais. E que no ritmo do desenvolvimento de sua economia ele será na próxima década, efetivamente, a quinta potência do mundo. E por ai vai. Só esse tipo de análise sobre a realidade política brasileira explica os balanços da grande mídia hegemônica nacional sobre a conjuntura política que se avizinha, em especial às eleições de 2010.
Porque começa a surgir, através dos seus comentaristas, a ferrenha defesa da permanência do governador José Serra nas eleições para o governo do Estado de São Paulo, “evitando-se uma derrota previsível” no confronto presidencial. Assim, argumentam, é preciso achar alguém, outro candidato para ir ao sacrifício.
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