Crise em Honduras

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Brasil pede reunião de emergência do Conselho de Segurança

A diplomacia brasileira pediu nesta terça-feira (22) uma reunião de emergência do Conselho de Segurança da ONU para discutir a crise em Honduras, após o retorno ao país do presidente eleito, Manuel Zelaya. Zelaya abrigou-se na embaixada brasileira em Tegucigalpa, que foi atingida por bombas de gás e teve a eletricidade, água e ligações telefônicas cortadas pelo governo imposto com o golpe de 28 de junho.

Em uma mensagem aos membros do Conselho de Segurança, a representante permanente do Brasil na ONU, Maria Luiza Ribeiro Viotti, afirmou que o governo está preocupado com "a segurança do presidente Zelaya e com a segurança e integridade física da embaixada brasileira e de seus funcionários".

A mensagem cita a "preocupação" do Brasil com as bombas de gás lacrimogêneo, lançadas contra manifestantes pró-Zelaya diante da missão diplomática. O governo brasileiro pede para participar da reunião de emergência do Conselho, que tem 15 países-membros (quatro permanentes e 11 em sistema de rodísio), caso ela seja mesmo convocada.

Ainda nesta terça-feira, o governo interino de Honduras ordenou a prorrogação do toque de recolher no país até as 6 horas de quarta-feira (9 horas em Brasília). Os militares no poder desde o golpe de junho, embora o presidente que impuseram seja o paisano Roberto Micheletti, mantinham nesta terça-feira a polícia e o exército nas imediações da embaixada, assim como numerosos franco-atiradores paramilitares. A polícia não deixa ninguém entrar ou sair da embaixada.

Ousadia calculada de Zelaya

O gesto de ousadia do presidente eleito, que retornou clandestinamente, percorrendo o país de carro numa viagem de 15 horas até a capital, parece ter sido calculado para coincidir com a Assembléia Geral da ONU, que começa amanhã em Nova York. A presença de numerosos chefes de Estado e de governo, assim como chanceleres na sede das Nações Unidas em Nova York, reforça a pressão internacional para que os golpistas devolvam o poder ao presidente eleito.

A escolha da embaixada brasileira como local de refúgio também dá a impressão de ser um gesto intencional. País emergente, com um presidente carismático, o Brasil aceitou o pedido de refúgio. E as truculências para com a missão diplomática redundaram no pedido da reunião de emergência. O Conselho de Segurança é o único órgão da ONU com poderes executivos, inclusive o uso das tropas de "capacetes azuis" das Nações Unidas.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que está em Nova York para a Assembleia da ONU, correspondeu à expectativa, ao fazer uma dura advertência ao governo de fato. "Esperamos que os golpistas não mexam na embaixada brasileira e queremos que negociem. Só isso", disse.

Lula afirmou ainda que o Brasil fez "aquilo que qualquer país democrático faz na hora em que um cidadão pede exílio na sua embaixada". E defendeu uma intermediação da OEA (Organização dos Estados Americanos), "que tem representatividade e que tem procuração para isso". O pedido de uma reunião de emergência do Conselho de Segurança indica que um organismo multilateral ainda mais forte pode ser acionado, diante da crise que completará três meses na próxima segunda-feira.

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