Análise da economia brasileira


Na coluna semanal que mantenho no Jornal Pequeno, hoje apresento uma análise da atual fase da economia brasileira. O quadro ainda é difícil, mas há indicadores positivos no horizonte. Veja o artigo.

O BRASIL FORTE
Por: Flávio Dino
27 de maio de 2009 às 08:56

Sete meses após o início da maior crise financeira internacional de todos os tempos, o Brasil está comprovando que, além de ser um dos últimos países a serem atingidos por ela, também deve ser um dos primeiros a superá-la. O segredo dessa posição privilegiada perante a maioria dos países é um só: nós nos preparamos para enfrentar um período árduo como esse. Há anos que o Governo Federal vem criando condições para não cair de novo no círculo vicioso de inflação alta e descontrolada, endividamento interno e o conseqüente socorro financeiro a juros estratosféricos junto a organismos internacionais, especialmente o FMI, que tanto sacrificaram o povo brasileiro no passado.

O novo modelo de desenvolvimento adotado pelo Brasil levou ao aumento de nossa média de crescimento anual de 1,6% (período de 1998 a 2003) para 4,7% nos últimos quatro anos, tendo fechado 2008 com um Produto Interno Bruto (PIB) 5,1% maior. Este ano e nos próximos, mesmo com a crise, a economia brasileira é uma das poucas no mundo a oferecer perspectiva de crescimento. Isso porque o ciclo introduzido pelo Presidente Lula criou bases para a consolidação de um mercado de massas que permitiu o acesso de milhões de pessoas à saúde, educação, luz elétrica e crédito, gerando empregos e oferecendo novas oportunidades para as empresas. Programas como Bolsa-Família, PROUNI, Luz para Todos, Saúde da Família, PAC, entre tantos, são marcas consolidadas, que sintetizam os acertos dos partidos de esquerda no comando da máquina pública federal.

É o resultado de uma política econômica consistente combinada a uma ousada política social de transferência de renda que, em poucos anos, mudou radicalmente o perfil de nosso mercado consumidor. Agora, é justamente a força do mercado interno um dos fatores que tornam o país mais resistente à crise. Tanto que os US$ 197 bilhões que exportamos em 2008 significam apenas 13% do nosso PIB, contra a média de 40 a 60% que as vendas externas representam para grandes potências mundiais.

Para chegar nesse patamar, a solidez fiscal também foi ingrediente fundamental. Neste Governo, pela primeira vez em décadas o Brasil deixou de ter dificuldade para fechar suas contas, continuando a registrar superávit primário (que é a economia feita para o pagamento de juros da dívida) mesmo no primeiro bimestre de 2009, em plena crise mundial. Reduzimos a dívida do setor público de 52% do PIB em 2003 para 36% em 2008, inclusive em razão da progressiva diminuição da taxa de juros (ainda muito elevada). Em decorrência da redução da relação dívida-PIB, foi possível diminuir os percentuais de superávit primário, especialmente visando ao incremento de investimentos públicos. Vale destacar, ainda, que superamos a política contra os servidores públicos federais que havia no governo anterior. Tem sido possível recuperar perdas de diversas categorias de servidores sem que haja descontrole fiscal. Destaque-se: tudo isso com a manutenção da inflação baixa.

São números oficiais que acabam de ser divulgados pelo Ministério da Fazenda na publicação "Brasil, Economia Sustentável". E é por meio deles que podemos compreender melhor a importância da decisão do Governo Federal de, consolidada essa boa performance, investir no país. Assim, no início do ano houve um reforço de R$ 142 bilhões ao Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), o plano de desenvolvimento criado em 2007 que prevê investimentos na ampliação da infra-estrutura, além de medidas para a expansão do crédito e redução de custos e tributos. Isso reafirma a meta inicial de investimentos da ordem de R$ 503 bilhões no programa até 2010. Desse reforço, R$ 84 bilhões irão para investimentos nas áreas social e urbana, R$ 37 bilhões para logística e R$ 20 bilhões para energia.

Ao mesmo tempo, o Brasil adotou rapidamente uma série de medidas anticíclicas para combater a crise mundial: ampliou o financiamento às exportações e os créditos à agricultura, disponibilizou recursos para a indústria naval e automobilística e também reduziu os depósitos compulsórios feitos pelos bancos, liberando mais recursos para os financiamentos à população.

Finalmente, coroando todo esse esforço, o Governo Lula acaba de lançar o programa Minha Casa, Minha Vida, que é a iniciativa mais forte já empreendida na área habitacional. O objetivo é construir 1 milhão de casas e apartamentos, sendo 400 mil deles destinados a quem ganha até três salários mínimos, faixa que não era atendida pelo mercado imobiliário até agora. Estão previstos R$ 60 bilhões de investimentos, o que deve gerar 3 milhões de novos postos de trabalho nos próximos três anos.

O Maranhão terá grandes oportunidades, nesse contexto. Além do PAC Rio Anil, beneficiando 13.000 famílias de São Luís, do PAC em Caxias, Timon e Imperatriz, bem como dos investimentos no Porto do Itaqui, teremos a maior refinaria de petróleo do Brasil e a possibilidade de construirmos 72 mil casas em todo o estado, abrindo centenas de milhares de empregos. Ou seja, temos tudo para deixar de somente ver navios.

Em síntese, ao adotarmos um modelo de desenvolvimento que diminuiu as desigualdades e fortaleceu o mercado interno, tornamo-nos nós mesmos a solução. Com esse novo perfil, não tenho dúvidas, o Brasil vencerá a crise de forma soberana e sustentável.

O deputado federal Flávio Dino escreve para o Jornal Pequeno às quartas-feiras.

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