Projeto da ''mordaça'' é pivô de conflito com o Legislativo
Descontentes com atuação de procuradores, alguns parlamentares têm rejeitado projetos e indicações de nomes
22 de março de 2010
Denise Madueño / BRASÍLIA - O Estadao de S.Paulo
A volta para a pauta de votação do plenário da Câmara do projeto da "mordaça" expõe a relação de má vontade de parlamentares com o Ministério Público Federal. Responsável por investigar e denunciar eventuais ilegalidades cometidas por agentes públicos, incluindo deputados e senadores, o Ministério Público tem sofrido derrotas no Congresso e enfrentado dificuldades nas votações.
O projeto entrou na pauta de prioridades da Câmara para as próximas semanas, defendido pelo PP, PR e PTB, em acordo dos líderes com o presidente da Casa, Michel Temer (PMDB-SP). Insatisfeitos com a atuação de procuradores, alguns setores só concordaram em apoiar a votação do projeto de reestruturação do Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP), encaminhado ao Congresso no ano passado, se o projeto da "mordaça", também entrasse na pauta.
De autoria do deputado Paulo Maluf (PP-SP), a proposta responsabiliza pessoalmente e com previsão de pagamento de indenização o integrante do Ministério Público que supostamente agir de forma política. Maluf é processado pelo Ministério Público e foi incluído recentemente na lista da Interpol, podendo ser preso em 188 países se deixar o Brasil.
Na semana passada, a Comissão de Constituição e Justiça da Câmara deu mais um exemplo de indisposição com os procuradores, rejeitando e mandando para o arquivo o projeto de revisão na lei de ação civil pública. As mudanças na lei, que completa 25 anos, facilitariam a ação pública, o instrumento legal para processar políticos e grandes empresas, por exemplo.
No ano passado, o Senado também demonstrou insatisfação com os procuradores. O plenário da Casa rejeitou a indicação de dois nomes do Ministério Público para o Conselho Nacional de Justiça (CNJ).
Denunciado pela procuradoria da República no chamado "mensalão", o deputado José Genoino (PT-SP) reconhece que a má vontade de setores da Casa com o Ministério Público, mas diz que a relação já foi bem pior.
O petista defende projetos de interesse do Ministério Público e o fortalecimento da instituição. "Não podemos misturar a instituição com algumas pessoas que exageram, nem fazer política com o retrovisor. Não posso transformar uma questão pessoal em institucional", afirmou.
O deputado Flávio Dino (PC do B-SP), ex-juiz federal, diz que a resistência tem raiz na expansão e fortalecimento da instituição. " O Ministério Público trata de temas sensíveis aos parlamentares", avalia.
Um comentário:
Um projeto com esse teor só poderia ter partido de homens como Paulo Maluf.
Essa lei representa mais uma vergonha nacional, uma prostituição moral, um retrocesso a construção de um país mais democrático. O Ministério Público ainda é, apesar de problemas que são latentes em todas as instituições brasileiras, o que mais credibilidade possui diante da sociedade brasileira. A importância do MP transcede qualquer crítica. É um órgão que não precisa ser apenas respeitado, mas admirado e fortalecido, uma vez que é ele, quem mais pune políticos desonestos desse país.
Como diria Lauro Guimarães, "SOMENTE DUAS SORTES DE GENTE COMBATEM O MINISTÉRIO PÚBLICO, OS IGNORANTES PORQUE NÃO O CONHECEM E OS CRIMINOSOS PORQUE O CONHECE BEM".
Postar um comentário