5 de Dezembro de 2009 - 16h57
Pesquisas indicam vitória retumbante de Evo na Bolívia
A última pesquisa eleitoral na Bolívia, da Equipos Mori, confirma que neste domingo (6) o presidente Evo Morales deve obter a mais confortável vitória desde a volta do país à democracia, 27 anos atrás. Evo aparece com 52,6% das intenções de voto, 31,5 pontos à frente do seu concorrente mais próximo, o militar direitista Manfred Reyes Villa.
Pelas regras eleitorais bolivianas, Evo será reeleito se tiver 50% mais um dos votos válidos, ou se superar a marca dos 40% e ficar mais de 10 pontos à frente do segundo colocado. Todas as últimas pesquisas indicam que o primeiro presidente indígena terá maioria absoluta e mais de 30 pontos de vantagem.Cinco dias atrás, o instituto Ipsos Apoyo Opinión y Mercado atribuiu a Evo uma vantagem ainda maior: 55% das intenções de voto, e 36 pontos de vantagem sobre Reyes Villa. Os outros candidatosA sondagem da Equipos Mori (veja o gráfico) atribui a Evo, do MAS (Movimento Ao Socialismo, de esquerda), 52,6% das preferências dos eleitores. A marca seria ligeiramente inferior ao resultado da eleição que o elegeu, em dezembro de 2005, com 53,74% dos votos.
Evo Morales encerrou sua campanha na quinta-feira, na imensa cidade dormitório de El Alto, a cavaleiro sobre La Paz, com um compreensível entusiasmo. É duvidoso que se confirme a previsão dos patridários mais otimistas do MAS, que divisam a possibilidade do partido fazer maioria de dois terços nas duas casas parlamentares. Mesmo assim, o partido nascido dos movimentos sindicais e antiimperialistas realizou proezas que pareciam inacreditáveis durante a crise da agosto de 2008, quando a oposição conservadora tentou um golpe de Estado.Em primeiro lugar, a oposição fragmentou-se. O Podemos, coalizão oposicionista que capitaneou a tentativa de golpe, deixou de existir. Os partidos tradicionais da fase pré-Evo Morales viraram poeira. Todas as siglas oposicionistas da atualidade são novas, porque todas as antigas se desmoralizaram.Em segundo lugar, o movimento mudancista manteve uma unidade notável, nas tumultuosas condições da política boliviana. Tendo o MAS como força principal, mas com o apoio de outras organizações, como o PCB (Partido Comunista da Bolívia), administrou as imensas expectativas e demandas populares de forma a se manter coeso. É verdade que duas candidaturas dissidentes se apresentarão domingo aos eleitores. No entanto, Alejo Véliz, indígena e camponês lançado pelo Pulso (Povos pela Liberdade e Soberania) aparece na pesquisa Mori com 0,2%. E Román Loayza, ex-constituinte do MAS e hoje candidato do Gente, reúne 0,1%.
Também no domingo serão eleitos os 166 membros das duas casas legislativas previstas na nova Constituição (130 deputados e 36 senadores). E serão submetidos às urnas projetos de autonomia regional e indígena, garantidos pela primeira vez pela Carta abrovada na Constituinte de 2008.A mídia boliviana, semelhante a suas vizinhas da América Latina, explica a tendência com o "ícone Evo Morales", que repetiria em escala talvez ainda maior o fenômeno Lula no Brasil, conseguindo colocar-se acima do bem e do mal. Um exame mais atento mostra explicações mais palpáveis.O governo Evo tem sido um sucesso econômico. A Bolívia deve ser o país latino-americano com maior crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) em 2009: 4,7%. A renda dos hidrocarburetos, principal riqueza do país, passou de US$ 333 milhões em 2004 para US$ 1,464 bilhão no ano passado.Mais ainda: pela primeira vez, o crescimento econômico chegou às camadas mais pobres da Bolívia. Um estudo da Udape (Unidade de Análise de Políticas Econômicas e Sociais, estatal), com dados até o ano passado, aponta que os bolivianos vivendo em extrema pobreza se reduziram de 37,7% para 32,7%, nas cidades, e de 63,9% para 53,3% nas zonas rurais. As políticas de apoio a estudantes e idosos foram decisivas para essa redução.
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